Confrontar as vantagens com as
desvantagens da química tem sido ao longo dos tempos objecto de infindáveis
comentários e análises, sob incontáveis pontos de vista. E este é um dilema tão
antigo quanto a humanidade, a Química não é excepção, tem um vasto número de
vantagem assim como algumas e pesadas desvantagens. Exactamente como qualquer outro
ramo do saber.
Mas se quisermos ser justos é
preciso dizer que não será a Química em si a portadora de tais etiquetas, será
o ser humano, esse sim o responsável e aquele que pode fazer a balança pender
para qualquer dos lados, seja porque a aplica aos piores dos fins, seja porque
omite a aplicação de tecnologias químicas úteis, conhecidas e avançadas com o
egoísta propósito de aumentar substancialmente mais um pouco os lucros da
indústria ( o nosso país e o mundo estão repletos destes tristes exemplos).
A Química já hoje constitui um
sector industrial fortíssimo no planeta e em todo o lado se faz notar a sua
omnipresença. Vejo ainda assim, uma larguíssima margem de progressão para o
futuro deste ramo do saber.
Assim sendo, o meu comentário ao
tema foca-se no combate às desvantagens da Química trabalhando em simultâneo
com o desenvolvimento das suas vantagens, projectando por essa forma a Química
para patamares de importância muito superiores aos actuais.
Quanto ao combate às desvantagens
tudo parece bem melhor encaminhado agora. O paradigma está a mudar, as novas
gerações já não escolhem a velha química clássica e poluente de má imagem.
Escolhem produtos mais verdes, exigem mais proteção do ambiente.
A energia para a mobilidade
moderna parece ser um excelente exemplo do que referi, energias renováveis a
despontar, automóveis eléctricos e camiões movidos a hidrogénio são agora
preferidos em detrimento das centrais eléctricas a carvão, dos automóveis a
combustíveis fósseis.
Do lado das vantagens também
crescem exponencialmente as boas notícias.
Obviamente ainda subsiste a velha
Química, a clássica e em certos caso muito poluente. Mas a Química parece ser
hoje uma disciplina muito mais integrada com outros saberes do que no passado,
com a ciência dos novos materiais, com a biologia, por exemplo. Cresce a nanotecnologia,
a biotecnologia e a inovação a ritmos nunca antes vistos. Cresce a pesquisa e o
desenvolvimento em recursos renováveis, na defesa e sustentabilidade do meio
ambiente, na integração com tecnologias da informação e comunicação. É inegável
que os cidadãos de hoje são muito mais informados e têm outros requisitos.
Exigem alimentos mais saudáveis, iluminação menos poluente, energias limpas. A
oferta e a influência da Química está a aumentar, de per si ou integrada com
outras disciplinas.
Ilustrando com um exemplo
português de Química na agricultura. A seguir ao eucalipto, temos agora a nova
invasão descontrolada e desregrada da monocultura da oliveira (uma
desvantagem), que já provou ser um erro, com práticas bárbaras praticadas
especialmente por espanhóis sem escrúpulos (veja-se a agressão que os lagares
de bagaço provocam em algumas regiões do Alentejo, em volta dos quais se tornou
impossível viver para as populações que já lá estavam). Regime intensivo de
pesticidas e herbicidas.
Temos por outro lado o grande
desenvolvimento do país em energias renováveis (uma vantagem), eólica, solar e
outras reduzindo ano após ano a dependência do petróleo, refinarias e centrais
a carvão.
As vantagens nos campos da
medicina, agricultura, industria, etc são obvias e seria exaustivo estar aqui a
particularizá-las. Mas não resisto a trazer à discussão o crescimento
exponencial de investigação & desenvolvimento , o empenho na busca da
solução para a actual pandemia. Laboratórios, universidades, companhias
farmacêuticas, muitos deles a jogar com os seus profundos conhecimentos
químicos de forma integrada afim de vencer este obstáculo.
Um último exemplo aqui trazido à
coação ainda no campo das energias limpas, um dos sectores mais importantes da
Química verde: Apreciei sobremaneira a joint-venture celebrada nesta semana
entre a Daimler Trucks e a Volvo Group, os dois maiores construtores mundiais
de camiões, selando um investimento de 1 200 milhões de euros no
desenvolvimento da produção de células de combustível a hidrogénio, tanto para
camiões como para carros.
António Pereira
Professor de quadro da Escola
Secundária de Estremoz.
AF@QV
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