A Química vista por ... Paula Senra


“O #DiadaTerra é todos os dias. As mudanças necessárias para salvaguardar as futuras condições de vida de todas as espécies não virá de governos ou empresas. Virá da mais avançada ciência a que temos acesso e da opinião pública. Está nas nossas mãos. Espalha a ciência #UnirPelaCiência”
Greta Thunberg

Desde o séc. XIX que a química contribui para a evolução da tecnologia, constituindo assim uma base para o progresso da humanidade. Mesmo nos nossos dias se verifica que é nos países mais poderosos economicamente que a ciência está mais avançada.
Aconteceu também que, na obtenção desse desenvolvimento tecnológico, vários fatores que não foram considerados, provocaram consequências imprevistas e negativas para o nosso planeta. Por exemplo, ao explorar os recursos naturais, resultaram danos gravíssimos a nível da destruição de florestas, do aumento dos desertos e até mesmo da fusão do gelo das calotes polares.
Considero então, que a utilização dos termos “vantagens” e “desvantagens” da química deveriam ser contextualizados não em relação à ciência química, mas ao nível do uso que a sociedade faz das tecnologias químicas. Sendo que a química apenas constitui um instrumento do desenvolvimento, o problema é mais económico, politico e social do que científico.
Nesse sentido a sociedade atual está cada vez mais consciente do estado de degradação do ambiente e da Terra, de modo que o conceito de melhor qualidade de vida alterou-se, incluindo agora o modo como a humanidade se relaciona com o ambiente previligiando a sustentabilidade do planeta.
Apesar de mais preocupados e alerta para estes problemas, de modo geral, os cidadãos não possuem conhecimentos científicos que lhes permitam tomar decisões adequadas e compreender de que forma a química e a ciência no geral afeta as suas vidas. Muitas vezes, o único acesso que têm a uma “formação científica” é através da comunicação social, cuja informação evidência sobretudo as partes mais espetaculares e dramáticas da situação, divulgando explicações científicas que nem sempre são as mais corretas.Contribuindo para que a sociedade tenha uma visão negativa da química, associando-a a catástrofes, poluição e produtos tóxicos.
Com níveis de literacia e cultura científica baixos, a sociedade não está preparada para uma  participação cívica consciente na tomada de decisões de cariz técnico, e não é capaz de aceitar positivamente as inovações tecnológicas e o desenvolvimento científico.
Temos também a noção de que são sobretudo os jovens que estão mais preocupados com os problemas ambientais, e que no seu dia-a-dia começam a incluir comportamentos mais conscientes como a reciclagem e a diminuição da utilização de plásticos.
No entanto, também se verifica que a grande parte dos jovens adultos que têm a escolaridade básica, não possui conhecimentos científicos que lhes permitam compreender de que forma as ações humanas afetam a sustentabilidade do planeta.
Podemos assim, concluir que a escola não está a cumprir o seu papel de na formação de uma sociedade com cultura científica adequada. É fundamental melhorar a qualidade da educação cientifica.
As práticas dos docentes nem sempre são orientadas por preocupações e perspetivas de educação para a sustentabilidade. Privilegiam-se os conceitos científicos teóricos, acompanhados de exercícios tipo, e de atividades experimentais específicas, contribuindo para a ideia de que a química é uma ciência  fechada, que só acontece em laboratórios e afastada do quotidiano.
É importante que a escola adote uma forma mais holística no modo como se relaciona com a ciência e a sociedade. É necessário conceber novas práticas que permitam aos alunos uma aprendizagem de conhecimentos científicos que os capacite na compreensão as potencialidades, dos limites e das aplicações tecnológicas da química, adquirindo também maior consciência quanto ao significado científico, tecnológico e social da intervenção humana na Terra.
Paula Serra

Paula Serra
Professora de Físico-Química (grupo 510) no Agrupamento de Escolas Severim de Faria
AF@QV

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