“O #DiadaTerra é todos os
dias. As mudanças necessárias para salvaguardar as futuras condições de vida de
todas as espécies não virá de governos ou empresas. Virá da mais avançada
ciência a que temos acesso e da opinião pública. Está nas nossas mãos. Espalha
a ciência #UnirPelaCiência”
Greta Thunberg
Desde o séc. XIX que a química
contribui para a evolução da tecnologia, constituindo assim uma base para o
progresso da humanidade. Mesmo nos nossos dias se verifica que é nos países
mais poderosos economicamente que a ciência está mais avançada.
Aconteceu também que, na
obtenção desse desenvolvimento tecnológico, vários fatores que não foram
considerados, provocaram consequências imprevistas e negativas para o nosso
planeta. Por exemplo, ao explorar os recursos naturais, resultaram danos
gravíssimos a nível da destruição de florestas, do aumento dos desertos e até
mesmo da fusão do gelo das calotes polares.
Considero então, que a
utilização dos termos “vantagens” e “desvantagens” da química deveriam ser contextualizados
não em relação à ciência química, mas ao nível do uso que a sociedade faz das
tecnologias químicas. Sendo que a química apenas constitui um instrumento do desenvolvimento,
o problema é mais económico, politico e social do que científico.
Nesse sentido a sociedade
atual está cada vez mais consciente do estado de degradação do ambiente e da
Terra, de modo que o conceito de melhor qualidade de vida alterou-se, incluindo
agora o modo como a humanidade se relaciona com o ambiente previligiando a
sustentabilidade do planeta.
Apesar de mais preocupados e
alerta para estes problemas, de modo geral, os cidadãos não possuem
conhecimentos científicos que lhes permitam tomar decisões adequadas e
compreender de que forma a química e a ciência no geral afeta as suas vidas.
Muitas vezes, o único acesso que têm a uma “formação científica” é através da
comunicação social, cuja informação evidência sobretudo as partes mais
espetaculares e dramáticas da situação, divulgando explicações científicas que
nem sempre são as mais corretas.Contribuindo para que a sociedade tenha uma
visão negativa da química, associando-a a catástrofes, poluição e produtos
tóxicos.
Com níveis de literacia e
cultura científica baixos, a sociedade não está preparada para uma participação cívica consciente na tomada de
decisões de cariz técnico, e não é capaz de aceitar positivamente as inovações
tecnológicas e o desenvolvimento científico.
Temos também a noção de que são
sobretudo os jovens que estão mais preocupados com os problemas ambientais, e
que no seu dia-a-dia começam a incluir comportamentos mais conscientes como a
reciclagem e a diminuição da utilização de plásticos.
No entanto, também se verifica
que a grande parte dos jovens adultos que têm a escolaridade básica, não possui
conhecimentos científicos que lhes permitam compreender de que forma as ações
humanas afetam a sustentabilidade do planeta.
Podemos assim, concluir que a
escola não está a cumprir o seu papel de na formação de uma sociedade com
cultura científica adequada. É fundamental melhorar a qualidade da educação
cientifica.
As práticas dos docentes nem
sempre são orientadas por preocupações e perspetivas de educação para a
sustentabilidade. Privilegiam-se os conceitos científicos teóricos, acompanhados
de exercícios tipo, e de atividades experimentais específicas, contribuindo
para a ideia de que a química é uma ciência
fechada, que só acontece em laboratórios e afastada do quotidiano.
É importante que a escola adote
uma forma mais holística no modo como se relaciona com a ciência e a sociedade.
É necessário conceber novas práticas que permitam aos alunos uma aprendizagem
de conhecimentos científicos que os capacite na compreensão as potencialidades, dos
limites e das aplicações tecnológicas da química, adquirindo também maior
consciência quanto ao significado científico, tecnológico e social da
intervenção humana na Terra.
Paula Serra
Paula Serra
Professora de Físico-Química (grupo 510) no Agrupamento de Escolas Severim de Faria
AF@QV
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