A Química Vista por ... Rúben Silva

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A vontade de querer estudar os compostos à nossa volta de modo a perceber as suas interações com o fim de melhorar e criar novas aplicações para esses produtos é notoriamente um interesse para a humanidade. A generalização do uso dessas novas tecnologias leva a uma dependência dos recursos utilizados para as manufaturar, podendo esses recursos ser finitos à pequena escala ou prejudiciais ao ambiente depois de sintetizados em produto final, numa relação onde os benefícios que esses produtos trazem à sociedade supostamente superam os danos causados ao meio ambiente. Em suma, as desvantagens só existem porque tentaram-se criar vantagens.

A imagem pública da química tem mudado para o melhor nas últimas décadas. Enquanto outros cientistas tais como matemáticos e físicos sempre foram vistos como pessoas que simplesmente gostavam de número e contas, os químicos eram maioritariamente associados às poções malvadas e aos fumos das fábricas. Duas razões que dou para a nova reputação mais favorável da química são a preocupação pelas alterações climáticas e propagação da internet e redes sociais.

Mesmo quando não existia esta preocupação com sermos mais “verdes” e o meio ambiente, o fumo das fábricas nunca foi visto com bons olhos. Fumo é feio, tapa o céu e cheira mal; ainda por cima o fumo libertado pelas chaminés das fábricas eram em tais quantidades que podiam ser associados a incêndios.  Essas paisagens de chaminés já não são comuns e essa sua falta ajudam a esquecer esses sentimentos negativos.

Com a globalização da internet e consequente divulgação de informação, a química começou a ser reconhecida como algo diferente da alquimia, isto é, os produtos da química começaram a ser identificados como o desenlace da investigação e experimentação, e não como magia e pseudociência. Esse novo fluxo de informação e maior confiança nos cientistas criou o sentimento que a ciência está preocupada em criar produtos bons e que funcionem, ao contrário da busca pela pedra filosofal.

Assim, a Sociedade civil tem uma visão muito mais favorável da química, com a grande maioria tendo a noção que tudo é feito de químicos, tudo pode ser tóxico em certa quantidade e que nem todos os químicos foram criados em laboratório. Mesmo assim, essa visão mais favorável ainda roça a indiferença, ao contrário de outros membros de laboratórios mais associados à criação de vacinas.

 

Rúben Silva

Aluno da Licenciatura em Química da Universidade de Évora

A Química vista por ... Igor Almeida

Positivity

Assim, como em relação a outras ciências, nós, humanos, estamos constantemente a tentar colocar a Química sob uma coleira de conhecimento e dominar suas aplicações para os nossos serviços. Isto pode-se evidenciar em vários progressos revolucionários, que atualmente podem ser considerados alicerces mundanos, que tiveram a sua origem ou contaram com a participação da Química.1

Porém, toda a repercussão negativa dessas aplicações, que tem gerado tanto medo, não vem da ciência em si, vem do nosso conhecimento da Química, que já se provou limitado/curto, em múltiplas ocasiões, para um dado problema. A necessidade de aumentar gradualmente a rigorosidade das nossas aplicações da Química, de acordo com o conhecimento obtido, deve ser sempre proporcional à sua necessidade como área de investigação. O resultado de não alongarmos continuamente essa coleira do conhecimento e a rigorosidade com a qual exercemos a Química, é sermos arrastados por ela por quaisquer caminhos que ela sempre trilharia naturalmente, caminhos que talvez não consigamos entender ou ter esperança de controlar, porque a Química não escolhe ser ou fazer tudo o que conhecemos e associamos a ele, de modo que não há um bom comportamento a ser incutido nele, porque como algo natural ao próprio universo, não é nem bom nem mau, apenas ... é, ou melhor, apenas acontece. 

A previsibilidade das consequências (positivas/negativas) da implementação de qualquer progresso científico que se consiga, a Química não sendo exceção, não é total, mas “A química continuará a ter um papel importante na resolução de muitos dos problemas que o nosso mundo enfrenta hoje e na criação de novas soluções”2. Separar o que a química é, do que podemos, devemos e faremos com ela é a chave para determinar o ritmo necessário para limitar a ambição humana, mas não inibir o seu potencial.

 

1 https://theconversation.com/five-chemistry-inventions-that-enabled-the-modern-world-42452 

2  Rodrigues, Sérgio. (2016). What Chemistry! Between the Fascination with Pessimism and the Faltering Before Optimism – QUE QUÍMICA! ENTRE O FASCÍNIO PELO PESSIMISMO E A HESITAÇÃO PERANTE O OPTIMISMO. Química (Boletim da SPQ) 140. 27-35.

 

Igor Almeida

Aluno da Licenciatura em Química da Universidade de Évora