QUÍMICA –
Tudo se CRIA
A Química como ciência e as suas aplicações em áreas
específicas como na química da vida, química medicinal, química computacional,
entre tantas outras, não é mais do que a demonstração de uma longa viagem de
muitos homens e mulheres criadores de arte, arte científica.
A História revela-nos o itinerário da Química como ciência e
da correlação com as grandes revoluções (mecanização da energia a vapor,
eletrificação), tal como agora na grande revolução que todos estamos a viver a
Revolução da Informação.
Se à Revolução da Informação estão associadas modificações
estruturais em todos os domínios com reflexos significativos na vida dos povos,
estando a alterar, radicalmente, a forma de estar em sociedade, penso que a
utilização da Química também está a mudar, em muito, o seu paradigma.
Frequentemente é atribuída à Química os malefícios da
poluição, quando é dela que se espera as respostas para soluções para a
minimizar, malefícios na alimentação, quando tudo ao nosso redor é produto
químico, o malefício da energia nuclear, quando se tem na Química a esperança
de produção de energia “limpa”. Muitos outros exemplos poderia aqui dar sobre
os malefícios da Química. A análise simples em Química “boa ou má” reflete que
existe na sociedade uma certa iliteracia científica.
A Educação tem um papel preponderante para que o Homem, nas
sua modificações fundamentais de estilo de vida e comportamentos o faça de
forma sustentável, respeitando, não só os seus pares como tudo o que o rodeia.
O desenvolvimento da Tecnociência é ambivalente, sempre foi
ambivalente, para o melhor e para o pior.
Mais uma vez reforço a importância da Educação que tem que
ter em conta as incertezas em que
vivemos. A evolução acelerada da tecnologia, das teorias científicas, dos
saberes, provocam uma alteração nos Valores que a sociedade pode não estar
devidamente preparada. É preciso aprender/ensinar a enfrentar as incertezas. A
escola de hoje é demasiada exigente. Nesta vida acelerada temos que parar para
podermos pensar o que fazer pelos nossos jovens, também ele acelerados pelas
tecnologias a que tem acesso.
Neste boom científico a Química tem um lugar de destaque,
sendo fundamental que aos não-cientistas cheguem as informações corretas, de
forma eficaz e eficiente para que não se caia em erros como os malefícios da
Química. Refiro, assim a importância da divulgação científica. Existe um fosso
entre a comunidade científica e a não-científica , entre a universidade e a
escola, que pode contribuir para a falta
generalizada de literacia científica.
A divulgação científica e a Educação das Ciências podem
favorecer uma cultura de ciência,
promovendo cidadãos com espírito crítico, participativos, inovadores e
criativos.
Química é criar. Criar é arte.
A forma como o químico pode manipular a estrutura dos materiais
a nível molecular, atómico e eletrónico, permitindo desenvolver e fabricar em
laboratório materiais criados pela natureza, criar novos materiais e produtos é
a expressão artística da sua capacidade inventiva.
Não consigo terminar sem transcrever um texto escrito por
Jean-Marie Lehn:
“Para o químico, os céus estão completamente abertos,
porque é uma ciência e é também uma arte: pela beleza do seu objeto, claro, mas
também pela sua essência, pela sua capacidade de inventar o futuro e de se
recriar indefinidamente.”
Maria Margarida Rico Índias
Licenciatura em Ensino de Física e Química da Universidade de
Évora
Docente do quadro do Agrupamento de Escolas de Arraiolos
AF@QV
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