A Química Verde vista por Ana Carolina Assis

 

O termo Química Verde começou a ser utilizado na década de 90, do século XX, quando começou a existir uma preocupação crescente com as consequências que os processos químicos e os resíduos destes poderiam produzir na saúde humana e no meio ambiente.

Existem várias definições de Química Verde (termo adotado pela IUPAC) uma das mais usuais é a definição proposta por Paul Anastas e Pietro Tundo “A invenção, desenvolvimento e aplicação de produtos químicos e processos, para reduzir ou eliminar, o uso e a geração de substâncias perigosas à saúde humana e ao meio ambiente” (P. Tundo et al., 2000).

Visando a implementação de uma Química tendencialmente mais verde, em 1995, os Estados Unidos da América lançaram o programa denominado “The Presidential Green Chemistry Challenge” (PGCC), com o objetivo de premiar inovações tecnológicas que possam vir a ser implementadas na indústria para redução da produção de resíduos, em diferentes sectores de produção. Normalmente são premiados trabalhos em cinco categorias: académico, pequena empresa, rotas sintéticas alternativas, condições reacionais alternativas e desenho de produtos químicos mais seguros. Em 2016 foi introduzida a categoria benefícios ambientais específicos: alterações climáticas. Estes prémios são atribuídos até aos dias de hoje (EPA, 2020). Este foi o primeiro de muitos prémios semelhantes que foram instituídos noutros países como Inglaterra, Itália, Austrália e Alemanha.

Em 2001 e 2005 os prémios Nobel da Química foram atribuídos a pesquisas em áreas da Química que foram amplamente vistas como sendo Química Verde. Estes prémios Nobel ajudaram a solidificar a importancia da pesquisa em Química Verde e ajudaram a criar uma maior consciência entre os cientistas de que o futuro da Química deveria ser mais verde (ACS, 2021).

Nas últimas duas décadas, a Química Verde tem vindo a ser cada vez mais adotada e foram desenvolvidos novos produtos químicos e aprimorados milhares de processos químicos, de modo a torná-los menos perigosos, para a saúde humana e para o ambiente. O número de artigos relacionados com Química Verde bem como o fator de impacto dos jornais da área aumentou substancialmente.

 

A Química Verde está diretamente relacionada com dois grandes campos, o meio ambiente e meio económico. Com vista estas duas principais influências, foram formulados os doze princípios da Química Verde por Paul Anastas e John Warner (Anastas, P. T. e Warner, J.C., 1998). Serão abordados dois destes princípios que estão diretamente relacionados com o meio ambiente e aproveitamento de resíduos.

O princípio 7, O uso de biomassa como matéria-prima deve ter prioridade no desenvolvimento de novas tecnologias e processos. Tem particular interesse na área de aproveitamento de resíduos e na necessidade de utilização de fontes renováveis de matéria-prima (biomassa). Materiais derivados de plantas e outras fontes biológicas renováveis ou reciclados devem ser utilizados, sempre que possível. O princípio 6, Os impactos ambientais e económicos causados pela geração da energia utilizada num processo químico precisam de ser considerados. É necessário o desenvolvimento de processos que ocorram à temperatura e pressão ambientes. Quando as reações e/ou processos requerem diferença de temperatura ou pressão é necessária energia para que estas alterações ocorram. Normalmente o suprimento de energia para estas necessidades vem da queima de combustível fóssil, não renovável. Esta dependência dos combustíveis fósseis causa grandes problemas ambientais e é necessário cada vez mais fazer a transição entre a utilização de combustíveis fósseis para fontes de energia renováveis.  

A química verde tem vindo a ser incluída na formação académica dos jovens em todo mundo para que exista uma maior consciencialização. Esta é uma área da química que tem vindo a ser cada vez mais desenvolvida e irá continuar a ser.

 

Ana Carolina Assis | Aluna do Mestrado de Química da Universidade de Évora

31.01.2021

 

Bibliografia

·        ACS. (2021). ACS Chemistry for Life. https://www.acs.org/content/acs/en.html

·        Anastas, P. T. e Warner, J.C.(1998). Green Chemistry: Theory and Practice. Oxford University Press: New York.

·        P. Tundo et al., Pure Appl. Chem. 72(7), p.1207-1228, 2000

·        United States Environmental Protection Agency. Green Chemistry Challenge Winners. https://www.epa.gov/greenchemistry/green-chemistry-challenge-winners

 

Fonte Imagem:

·        Marco, B. A., Rechelo, B. S., Tótoli, E. G., Kogawa, A. C., & Salgado, H. R. N. (2019). Evolution of green chemistry and its multidimensional impacts: A review. Saudi Pharmaceutical Journal, 27(1), 1–8. https://doi.org/10.1016/j.jsps.2018.07.011