A Química vista por… Francisca Ramos do Carmo

 Inegavelmente, a química está em tudo o que nos rodeia e em tudo o que utilizamos, facto que, na grande maioria das vezes, nem reparamos, estando presente em diversas áreas, aplicações e processos de transformação – como por exemplo o processo desde o cultivo do trigo até ao pão que chega à nossa mesa. Por outro lado, também no nosso organismo ocorrem diversas transformações químicas para aproveitarmos nutrientes, produzir energia e utilizarmos o oxigénio como “matéria-prima” para nos mantermos vivos. Certamente, o conhecimento químico permitiu aprimorar diversos processos industriais e a nossa qualidade de vida; é através desse conhecimento químico que podemos estudar esses processos, tanto naturais quanto artificiais, através do auxílio permitido na produção de materiais em laboratório. A Química teve importantes contribuições ao longo da história para a humanidade, como por exemplo o desenvolvimento de fontes alternativas de energia, a descoberta da radioatividade de alguns elementos químicos e a criação da energia nuclear para gerar energia elétrica, a par do desenvolvimento de medicamentos concebidos a partir de substâncias químicas capazes de controlar e combater doenças, do desenvolvimento de cosméticos e da produção de substâncias em laboratório, não podendo ainda esquecer, numa outra abordagem, os produtos industrializados, em grande parte possíveis devido ao desenvolvimento de substâncias que conservam os alimentos, permitindo, assim, um aumento da validade dos alimentos comercializados. Ou seja, de forma geral, os conhecimentos químicos geram aplicações e as tecnologias possibilitam que novos produtos sejam criados, permitindo que a química esteja presente nos alimentos, nos medicamentos, nas roupas, nas construções, entre outros.

 No entanto, a par das suas grandes vantagens, é também possível percecionar a visão oposta – através dos seus impactos poluentes, nomeadamente a produção de produtos tóxicos, não degradáveis e o despejo de resíduos industriais em grande quantidade. Para contrariar esse grande impacto negativo, a chamada “química verde” altera essa conceção, incentivando produções mais limpas, preservando o meio ambiente e elaborando processos industriais com menos resíduos gerados; a reciclagem, os biocombustíveis e a diminuição das emissões de gases do efeito estufa são algumas das medidas que já podemos constatar no nosso dia a dia. Em suma, sabemos hoje que a civilização não teria atingido o estágio científico e tecnológico atual sem a Química e o seu progressivo desenvolvimento, sendo através desse ponto que percebemos a grande importância de se estudar Química. Esta ciência, como todas as outras, possibilita-nos conhecer melhor o ambiente no qual vivemos e as próprias novas descobertas científicas, que afetam direta ou indiretamente as nossas vidas, uma vez que os conhecimentos químicos auxiliam também num melhor aproveitamento dos materiais e a viver melhor, sem prejudicar nem destruir o meio ambiente.

 Na minha opinião, e enquanto professora de Físico-Química, para se tornar efetivo, o ensino da Química deve ser problematizador, desafiante e estimulante, de forma a que o seu objetivo seja conduzir o aluno à construção do saber científico, com o máximo rigor possível. Na realidade atual, não é possível aceitar um ensino de Química que simplesmente apresente questões pré-concebidas e com respostas acabadas; é necessário e imperativo que o conhecimento químico seja apresentado ao aluno de forma a que o possibilite interagir ativa e profundamente com o seu ambiente, entendendo que este faz parte de um mundo do qual também ele é ator e co-responsável, principalmente num futuro próximo onde terá também oportunidade de pesquisar, investigar, fazer experiências e criar produtos que melhorem a nossa vida.

 

Professora de Física e Química no Agrupamento de Escolas André de Gouveia

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