Com a origem do Universo, a formação das primeiras moléculas estabelece o início dos fenómenos químicos, ainda assim, o surgimento da Química como ciência só é considerada a partir do século XVII.
Ao procurar descobrir os segredos da matéria e das suas transformações, a Química é uma ciência de importância vital para o nosso planeta e, por inerência, para o ser humano.
Contudo, o modo como o Homem utiliza o conhecimento químico assim contribui para a preservação ou destruição do nosso planeta. É hoje inquestionável a importância da Química na melhoria da qualidade de vida da humanidade, uma vez que o seu desenvolvimento tem aplicação em áreas imprescindíveis como a medicina, farmácia, indústria e ambiente. O pragmatismo da investigação em Química tem reflexo no bem-estar da sociedade, como, por exemplo, proporcionar água de qualidade e saneamento básicos seguros. Até mesmo quando a natureza não consegue dar resposta às necessidades humanas, os químicos refugiam-se no laboratório e sintetizam materiais, como o amoníaco para a produção de fertilizantes e a borracha para uso geral, por exemplo, e procuram novos materiais ao manipular a matéria à escala atómica e molecular, como os fulerenos, com aplicação, entre outras, na biomedicina, tendo estabelecido o início de uma nova área do conhecimento: a nanotecnologia. Porém, a outra da face da Química também existe, e para isso basta, por exemplo, considerar a utilização de substâncias sintetizadas na produção de armas químicas, o que nos remete para os ideais morais e os desafios éticos com que os químicos se devem confrontar no desenvolvimento do seu trabalho científico, de modo a procurar garantir a salvaguarda da saúde humana e a preservação do planeta.
A presença da Química no nosso quotidiano, em bens de primeira necessidade, implica uma produção industrial de substâncias químicas a grande escala, e a nível global, com uma produção excessiva de resíduos e a disseminação de poluentes. Como consequência a Química tornou-se incompreendida pela sociedade, dado que esta se centra essencialmente em ocorrências, como os desastres ambientais, com repercussões no aquecimento do planeta e/ou na poluição. Todavia, a perceção do risco é, muitas vezes, condicionada pela mediatização destes acontecimentos, sendo, por isso, necessário apostar numa melhoria da literacia científica da sociedade para que o ajuizamento dos factos se traduza numa fiel interpretação da realidade. Assim sendo, cabe à escola o compromisso de educar os nossos jovens para que, no futuro, sejam cidadãos mais esclarecidos, com sentido crítico, éticos, e, por conseguinte, interventivos na sociedade, de maneira a que contribuam ativamente para a sustentabilidade do nosso planeta.
No entanto, e a acompanhar esta tomada de consciência da opinião pública sobre os impactos ambientais, surgiu nos anos noventa do século passado, no âmbito desta ciência multidisciplinar que é a Química, uma corrente que procura a criação de novas substâncias e processos químicos, e até a melhoria dos existentes, a fim de serem menos perigosos para a saúde pública e o ambiente. Conseguir um desenvolvimento autossustentado é o desafio da Química para o futuro e enquadra-se no que se designa de Química Verde.
Um novo desafio proporciona mais oportunidades para novas descobertas científicas. Como tal, neste século, verificou-se um aumento da investigação científica em Química Verde bem como a introdução de disciplinas sobre esta temática nos planos de estudos de cursos universitários, e inclusive a abertura de cursos do ensino superior nesta área.
Assim, uma vez mais, a Química, enquanto ciência que move o mundo, regenera-se e continua a desempenhar um papel fundamental na evolução da sociedade humana.
Fernando Rosado | Escola Secundária André de Gouveia, Évora
Sem comentários:
Enviar um comentário