A Química vista por... Catarina Archer*





A Química, para além de fazer parte da vida uma vez que toda a matéria é constituída por elementos químicos, enquanto ciência, tem sido fundamental na melhoria da qualidade de vida humana, em áreas que vão desde o dia-a-dia (higiene, alimentação, etc.) até à Saúde, Tecnologia, Transportes, ou mesmo o Ambiente.
Claro que, como em tudo, a Química tem o reverso da medalha. Se por um lado traduz inúmeras vantagens para a humanidade, por outro é responsável por efeitos tão nefastos como a poluição (resíduos tóxicos ou poluição atmosférica relacionada com a produção de energia, tudo o que envolve síntese de matérias para obtenção de produtos sintéticos, etc). Se bem que, mesmo neste ponto, a investigação química possa ser uma mais-valia, por exemplo, através das investigações conduzidas no sentido de minorar o aquecimento global, com o estudo sobre novas fontes de energia, de captura de CO2 ou de absorção de alguma da radiação solar que incide sobre a Terra (The UNESCO Courier, Jan-Mar 2011).
Falando da Química enquanto “ciência que controla e transforma a matéria” para os mais diversos fins, esta desenvolve-se actualmente no sentido da sustentabilidade e a investigação centra-se cada vez mais em tópicos como a procura de soluções alternativas para produção de energia ou de formas para alimentar a população crescente em todo o mundo. A Química é hoje, e cada vez mais, uma “Química Verde”, preocupada com a sustentabilidade, não só ambiental (com a menor produção de resíduos, menor consumo de energia, optimização da eficiência de produção e novas formas de exploração dos recursos renováveis), mas também económica e social.
Por outro lado, o esforço feito ao nível da educação, tentando que a química chegue a todos e que todos a conheçam enquanto ciência que está na base da nossa vida, da nossa forma de viver, revela a tendência para se fazer da química a ciência da sustentabilidade. Uma ciência de utilidade diária, com benefícios para a sociedade, para as populações e para o planeta; uma ciência cujos processos são da população e com base no qual se pode tomar decisões, individuais ou colectivas, com plena consciência do impacto que estes processos têm no meio que nos envolve. Este foi também um dos grandes objectivos do Ano Internacional da Química: que esta seja uma ciência de todos, útil para todos, uma ciência que, fazendo parte da base educacional das populações, nos ajudará, enquanto sociedade, a dirigirmo-nos para um futuro mais sustentável.
Se houve uma altura em que as desvantagens da química industrial, dos processos associados à indústria e à produção de energia eram a imagem generalizada da Química, essa época está a chegar ao fim com o desenvolvimento de uma “Química Verde”, difundida por todo o mundo (não só nos países desenvolvidos mas também nos países emergentes e em desenvolvimento), cujo percurso se faz no sentido de um desenvolvimento sustentável, com benefícios ambientais, económicos e sociais, representando um enorme potencial no futuro da humanidade. Claro que este será um processo complexo, nunca simples nem rápido pois envolve muitas mudanças, relacionadas com o número de processos e produtos existentes e com um caminho já percorrido e conhecido, mas, como em todas as áreas da actividade humana, existe uma consciência generalizada da necessidade da mudança e já se assistem aos primeiros passos dessa mudança.



*aluna da pós-graduação em Educação, Ambiente e Sustentabilidade | e-Learning | Universidade de Évora

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