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Continuação da dose da mensagem anterior…
Metabolismo, Benefícios e Malefícios
A cafeína atinge a corrente sanguínea passados 30
a 45 minutos do seu consumo. De seguida, distribui-se pelos líquidos corporais,
para depois ser metabolizada e expulsa pela urina. O tempo médio de semi-vida
da cafeína no organismo, período requerido para que a sua concentração decresça
para metade do valor inicial, é de aproximadamente 4 horas. No entanto, este
valor é significativamente influenciado por diversos fatores, tais como, idade,
toma de medicamentos de uso corrente, gravidez, tabagismo, entre outros. Por
exemplo, em adultos saudáveis varia entre 4 e 9 horas, em mulheres sob
administração de anticoncetivos orais está compreendido entre as 5 e as 10
horas enquanto que em mulheres grávidas aumenta para valores situados entre 9 e
11 horas. Em bebés e crianças este valor é mais elevado podendo, nos recém-nascidos,
atingir as 30 horas.
A capacidade da cafeína para potenciar o estado de
alerta e a atenção prolongada está muito bem documentada, devendo-se a sua
função primária de estimulante do sistema nervoso central, à sua ação como
antagonista da adenosina. A adenosina é uma substância química, produzida de
modo natural pelo organismo, que atua como mensageiro, regulando a atividade
cerebral e modulando o estado de vigília e sono (é um sinal de cansaço). A
cafeína bloqueia os recetores de adenosina presentes no tecido nervoso,
particularmente no cérebro, mantendo o estado de excitação. Através deste
mecanismo, a cafeína melhora a capacidade de se fazer esforço físico e mental,
antes do aparecimento da fadiga. O bloqueio dos recetores de adenosina
contribui para a constrição dos vasos sanguíneos, aliviando a pressão das
enxaquecas e dores de cabeça, o que explica o facto de muitos analgésicos
conterem cafeína.
Para além de potenciar o estado de alerta e a
atenção prolongada, a cafeína apresenta
numerosas vantagens reconhecidas pela ciência, tais como, ação
antioxidante, podendo atuar no combate aos radicais livres e, consequentemente,
diminuir os riscos de desenvolvimento de doenças cardiovasculares, efeito
diurético, promoção da utilização da gordura corporal durante a prática de
exercício físico, etc..
A sensibilidade à cafeína varia muito de indivíduo
para indivíduo. Geralmente, doses entre os 100 e os 600 mg permitem um
pensamento mais rápido e mais claro, tal como uma melhor coordenação corporal.
O lado negativo da questão é que a cafeína, quando consumida em excesso, pode
causar efeitos indesejáveis, tais como, ansiedade, agitação e inquietação,
insónias, distúrbios gastro-intestinais, entre outros. Contudo, o seu consumo
habitual pode minimizar muitos destes efeitos, uma vez que as suas propriedades
estimulantes da cafeína afetam menos os consumidores habituais do que os
ocasionais.
O consumo moderado de cafeína por dia não
representa um risco para a saúde, desde que se disponha de alguns hábitos de
vida saudáveis. Tal como proferiu Paracelso (séc. XVI): “Tudo é veneno e nada é veneno. Só a dose faz o veneno”.
Consumo e legislação
Na Europa, a população adulta consome em média 200
mg/dia de cafeína, principalmente através do café e chá, mas também a partir de
refrigerantes, incluindo as bebidas energéticas. Os indivíduos com idade
compreendida entre os 35 e 64 anos são os maiores consumidores apresentando uma
ingestão média de 250mg/dia.
De acordo com a Diretiva Europeia 2002/67/CE, a presença de cafeína deve
constar de forma visível nos rótulos das bebidas com teor de cafeína superior a
150 mg/L. Esta norma aplica-se em alguns refrigerantes e bebidas energéticas
que contenham o referido composto, não incluindo o chá, café e seus derivados,
uma vez que o consumidor deve saber que estes se tratam das principais fontes
de cafeína e o seu teor varia de acordo com a técnica de preparação.
Teor de cafeína em diferentes bebidas e alimentos
Tal como já foi anteriormente referido, a cafeína está
presente, de forma natural, no café, no
cacau, no chá, etc.., mas esteja
atento pois a cafeína é adicionada,
artificialmente, a muitos outros produtos, incluindo alguns refrigerantes do
tipo cola, “bebidas energéticas” e em algumas formulações farmacêuticas.
Na tabela seguinte apresenta-se o teor em cafeína em
diferentes bebidas e alimentos presentes no nosso quotidiano.
Bebida / Alimento
|
Quantidade
|
Teor em cafeína
(mg)
|
Café Arábica
|
150 mL
|
120
|
Café Robusta
|
150 mL
|
250
|
Café filtrado
|
150 mL
|
50-175
|
Café solúvel
|
150 mL
|
40-120
|
Café descafeinado
|
150 mL
|
1-6
|
Café “curto”
|
17 mL
|
62
|
Café “médio”
|
28 mL
|
72
|
Café “cheio”
|
47 mL
|
88
|
Chá preto saqueta (infusão 1-5
min)
|
150 mL
|
30-50
|
Chá preto saqueta (infusão 1-5
min)
|
150 mL
|
15-35
|
Chá (folhas)
|
150 mL
|
20-30
|
Refrigerantes tipo cola
|
330 mL
|
30-48
|
Refrigerantes de dieta tipo
cola
|
330 mL
|
26-55
|
Red Bull Energy Drink
|
250 mL
|
80
|
Chocolate preto
|
30 g
|
20-120
|
Chocolate Quente
|
240 mL
|
10
|
Leite com chocolate
|
chocolate em pó (30g)
|
1-15
|
Agora já sabe o que há em comum entre café, o cacau, o chá e a “coca-cola”
e mais… é a cafeína que os torna tão apreciados e apetecidos pelos homens e pelas mulheres
das mais diversas culturas!
Bibliografia
• EUFIC: European Food
Information Council
• Cafeína
• Café e Saúde
• News
Medical
• Médicos de Portugal
• Pedro Burgos. “À Base de Cafeína”.
Revista Super Interessante. Julho de 2008.
http://super.abril.com.br/alimentacao/base-cafeina-447604.shtml
(acedido em 16 de Maio de 2012)
• M.J.
Ferreira, A. Fernandes, P. Rosa, P. Gaio, N. Vieira “Extração e Purificação da Cafeína numa Amostra de Chá”, Boletim da
Sociedade Portuguesa de Química, 124 (2012) 61.
• Blog
Biocatálise e Síntese Orgânica
• GJ Ballone, EC Moura - Cafeína - in. PsiqWeb
• A química das coisas
• How is coffee decaffeinated? General Chemistry online
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