Arrisco
dizer que a Química não tem desvantagens (talvez tenha alguns inconvenientes).
A Química
estuda, descobre, inventa e cria.
A
inadequada utilização feita pelo Homem dessas descobertas, invenções e
criações, essa sim, tem vindo ao longo dos anos a revelar desvantagens que
afectam seres humanos e não humanos e, toda a biosfera. Hoje sabemos e
percebemos que água, ar, solo e até os nossos corpos têm, ao longo do último
século vindo a ser contaminados. Essencialmente desde a revolução industrial o
uso dos recursos naturais e a cadeia de produção-consumo, bem como o n.º de
habitantes humanos no planeta explodiram, lado a lado com níveis de poluição
industrial incomportáveis. Nessa época não se falava de sustentabilidade como
hoje.
A Química
é uma Ciência natural que estuda as matérias, suas transformações e as energias
envolvidas nesses processos. É uma Ciência em evolução que actualmente procura
novas formas de utilização dos conhecimentos químicos de forma ecológica e sustentável
surgindo assim o ramo da Química Verde. Neste ponto paro e penso. Se surge uma
Química Verde, de que cor era a Química anteriormente???
Continuo a
considerar que a Química em si não apresenta desvantagens mas, o uso dos
conhecimentos químicos, principalmente no mundo industrial (e económico) trazem
desvantagens de grande porte. Desde os subprodutos nocivos, à energia gasta na
transformação das matérias, aos solventes, reagentes e efluentes utilizados e
descartados.
A Ciência
Química bem como as outras Ciências continuam a ser um território acessível a
poucos e, a comunicação da ciência é hoje, muitas vezes ultrapassada pelos
meios de comunicação social e pelos variados meios publicitários de grandes
grupos empresariais que divulgam informação pouco precisa e até falaciosa.
Ao iniciar
este bloco de estudo o livro “História Breve de Quase Tudo” de Bill Bryson (2009) surgiu na minha
cabeça. Um livro que no meu entender deveria ser lido por todos os alunos nas
nossas Escolas pela forma acessível e entusiasmante que comunica ciência. Logo
no início explica de forma divertida que, para estarmos aqui triliões de átomos
agitados tiveram de se reunir de forma intrincada e providencial a fim de nos
criar.
A
«insustentável leveza da química» e até a má reputação da mesma não invalidam a
sua presença em Tudo e Todos, nem todas as contribuições para a qualidade de
vida, o bem-estar e até a esperança de vida da população humana em geral. O uso
incorrecto da palavra «químicos» é uma tendência actual que, a própria Ciência
Química e especificamente o ramo da Química Verde poderão desconstruir.
O Ser
Humano e todas as suas actividades têm vindo a causar incontáveis e
irreversíveis danos na biosfera. Quem, se não a Ciência e a Educação (bem, e a
politica) poderão inverter este caminho e, transformar as acções humanas em
sustentáveis e compatíveis com a biocapacidade do planeta-casa Terra?
A Química
tem aqui um papel fundamental - “A criação, o desenvolvimento e a aplicação de
produtos e processos químicos para reduzir ou eliminar o uso e a geração de
substâncias tóxicas.” (Tundo et all,
2000) e, a formação de profissionais capacitados para os novos conceitos
científicos e tecnológicos responsáveis pela sustentabilidade do planeta
deverão ser prioridade, (também) na área da Ciência Química. A regulamentação
de leis de âmbito ambiental e o desenvolvimento de processos verdes mais económicos
são também factores imprescindíveis para um possível e desejável
desenvolvimento sustentável do Planeta Terra.
Filipa Leal
Estudante da pós-graduação em Ambiente, Sustentabilidade e
Educação | e-learning | Universidade de Évora
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