Segundo Paul Anastas, considerado um dos pais da química verde, esta é definida como “…the utilization of a set of principles that reduces or eliminates the use or generation of hazardous substances in the design, manufacture and application of chemical products.” (Anastas, P. T. e Warner, J.C., 1998). A química verde também pode ser definida como os produtos e os processos químicos que reduzem ou eliminam a formação de substâncias perigosas (P. Tundo et al., 2000).
A química verde foi introduzida na década de 90, do século passado, pela Agência de Proteção Ambiental Norte Americana, pois a preocupação com os resíduos que eram libertados para o meio ambiente e a sua toxicidade poderiam ter impactos negativos na biodiversidade e na saúde humana.
Em 1991, a agência ambiental norte americana lançou um programa denominado “Rotas Sintéticas Alternativas para Prevenção de Poluição”, um projeto que tinha como objetivo a prevenção da poluição. Na Itália, em 1993, foi formado o Consórcio Universitário Química para o Ambiente, com o objetivo de criar um grupo interessado pela química e pelo ambiente, que procurasse processos químicos mais limpos (EPA, 2020).
Pouco depois em 1995, o Governo dos EUA criou um programa designado “The Presidential Green Chemistry Challenge” que desde então premeia iniciativas que passam pela diminuição da produção de resíduos em unidades industriais. Este projeto envolve categorias como: pequena empresa, académico, condições reacionais alternativas e ainda produtos químicos mais seguros (EPA, 2020).
Com base nas definições da química verde houve necessidade de alterar os processos químicos usados, tornou-se importante a escolha de reagentes mais limpos, em vez dos usados tradicionalmente, novas estratégias de síntese e criaram-se os doze princípios da química verde. Os doze princípios da química verde, foram criados por Paul T. Anastas (da EPA) e John C. Warner (professor na Universidade do Massachusetts) e apresentam de um modo resumido os principais objetivos para que o mundo seja mais sustentável (Anastas, P. T. e Warner, J.C., 1998).
A química verde envolve aspetos relacionados com a economia atómica, com a minimização de desperdícios, com o uso de solventes e outras substâncias mais seguras, com a eficiência energética, com o evitar a formação de produtos secundários, com a utilização de catalisadores que aumentam a eficiência de uma reação, entre outros.
Embora atualmente, já exista uma elevada preocupação com as questões ambientais, ainda se verifica que em inúmeros países existe uma falta de apoio por parte das entidades competentes, no que diz respeito a este tipo de questões.
De acordo com o princípio 5 “Solventes e outras substâncias auxiliares seguras”, é necessário evitar ao máximo o uso de substâncias auxiliares, e em caso de uso devem ser inócuos. Um exemplo ilustrativo é a descafeinação dos grãos de café verdes com dióxido de carbono supercrítico. Este processo apresenta várias vantagens tais como, o uso de um solvente limpo, CO2, e inócuo, os produtos originados são naturais e o dióxido de carbono é reutilizado de forma contínua, em processos sucessivos, basta alterar as condições de pressão.
A preocupação com os plásticos tem sido notória ano após ano, segundo o princípio 10 “Planificação para a degradação” o uso de plásticos convencionais é um grande problema devido ao seu tempo de degradação. O tempo de degradação de um plástico convencional ronda os 500 anos, e o tempo de degradação de plásticos biodegradáveis ronda os 12 a 18 meses. Estima-se que por ano são usados 500 biliões a 1 trilião de sacos de plástico e que 50% dos plásticos consumidos são apenas utilizados uma vez e que se esta tendência continuar a aumentar em 2050 há possibilidade de existir mais plástico nos oceanos do que peixes.
Atualmente, nas escolas, através da divulgação existe maior sensibilização, o que é importante para dar a conhecer este tipo de iniciativas e os princípios da química verde, para que possamos viver num mundo mais sustentável.
Com o passar do tempo tem-se verificado que ao fazermos uma pesquisa por química verde, no google, verifica-se que atualmente já existe bastante informação na literatura sobre este tema, quando comparado com o que existia há 10 ou 20 anos atrás, o que indica uma preocupação crescente com a química verde.
Na minha opinião esta tendência crescente de pesquisas por Química Verde vai continuar a aumentar, pois a população está cada vez mais ciente dos problemas que estamos a atravessar e a química verde é uma porta para um estilo de vida mais sustentável.
Daniela Fonseca | Aluna do Mestrado em Química da Universidade de Évora
31.03.2021
Fonte da imagem:
https://q-more.chemeurope.com/q-more-articles/57/challenges.html
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