Química e Saúde

                Felix Hoffmann 

Química e Saúde
A Saúde é um bem precioso para o Homem. A Sociedade, tal como cada um de nós, investe grandes recursos para garantir a Saúde e bem-estar, seja na sua prevenção, correcção ou manutenção. A Química sempre desempenhou um papel central nesse esforço, desde o tempo das poções mágicas e das mezinhas, dos curandeiros e sacerdotes das tribos, até hoje quando o conhecimento acompanha e dirige a acção do Homem. A Química tem tido uma participação essencial na melhoria da Saúde Humana ao longo dos tempos, mesmo quando a sua presença não é perceptível. Ela participa nas diversas fases da Saúde, desde a prevenção (desde a simples desinfecção e limpeza), ao diagnóstico, à manutenção e ao tratamento das diversas patologias, com o uso de fármacos.


Medicamentos
Os seus antecessores eram mágicos: poções valorizadas por crenças e superstições, obtidos por tentativa e erro, em rituais de magia ou religiosos. Egípcios, Gregos, Romanos e civilizações orientais, e mais tarde os conquistadores árabes, foram substituindo o sobrenatural pelo racional e a terapêutica foi evoluindo lentamente, espalhada com as conquistas e a escrita das doenças e das receitas. Depois, cruzaram os mares, transportados pelos nossos navegadores e pelos exploradores. Dos tempos da alquimia ficou o espírito da descoberta, a vontade da invenção, sem reservas nem constrangimentos. Mas a medicina e a terapêutica mantiveram o carácter empírico até finais do século dezoito. É com o advento da Química que nasce o conhecimento dos medicamentos usados e com ela cresce um conjunto enorme de fármacos, disponíveis na terapêutica. Desde os meados do século XIX que os fármacos se foram movendo da periferia para o centro dos cuidados de saúde, assumindo um protagonismo cada vez maior. Durante o século XX, com a explosão de novos princípios activos que a Química sintetizou ou extraiu, assistiu-se a um grande incremento de soluções terapêuticas para as diversas patologias. Surgiram os antibióticos, os fármacos que actuam no sistema nervoso central (antipsicóticos, ansiolíticos, antidepressivos), nos aparelhos cardiovascular, respiratório e digestivo, entre outros, até aos mais recentes antivíricos, antineoplásicos e imunomoduladores. O arsenal terapêutico entretanto desenvolvido, cada vez maior, mais completo e mais seguro, juntamente com os cuidados médicos e a melhoria das condições sanitárias, permitiram um aumento da qualidade de vida e da esperança de vida das populações.

Esperança
Hoje a Química está presente na área da Saúde, em cada comprimido tomado, em cada colher de xarope engolida, em cada injecção administrada. Está presente na prevenção, na identificação e no tratamento das mais diversas patologias. A Química (juntamente com diversas ciências) continua a ser a esperança e o caminho para os diversos desafios que as actuais ou as novas patologias apresentam. A obtenção de novos medicamentos ou de novos meios de diagnóstico passou da simples “tentativa e erro” para uma ciência que, com a participação da Química, os desenha, os desenvolve e os produz. Hoje, a Química continua a ser a grande fonte dos medicamentos e a dar um contributo único para a Saúde e a qualidade de vida do Homem; mesmo que seja numa simples Aspirina, preparada pela primeira vez, por Felix Hoffmann, há mais de 100 anos… 

Síntese do Ácido Acetilsalicílico (“Aspirina”)
Por
António Teixeira*

* Prof. Dep. Química da ECTUE e Centro de Química de Évora (CQE)

Publicado no Jornal "Registo" em 23/02/2012 (Ed. 195)
Disponível no Jornal On-Line da Universidade de Évora (UELine)

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