A Química vista por Luís Dalle

 


Como o professor João Paulo Correia Leal afirmou na palestra passada “Química e Sociedade: Ligações Perigosas?” a Química é uma disciplina transdisciplinar que possui uma grande centralidade pois está ligada a outras ciências como, por exemplo, a biologia e a física. Para além de rodear várias disciplinas rodeia também o ser humano estando presente nas mais  variadas atividades humanas, desde em atividades do quotidiano como experiências químicas. Como o professor Paulo Mendes escreveu “é pois evidente que a Química e o mundo que nos rodeia são indissociáveis.” É claro, baseado nesta mesma associação, que devemos entender tanto as vantagens como as desvantagens da Química.  

É difícil enumerar todas as vantagens que a Química nos trouxe, portanto tentarei mencionar as mais essenciais. Os medicamentos que tomamos para melhorar a nossa saúde e prolongar a nossa vida como por exemplo a aspirina e os antibióticos não existiriam sem a química. Os vegetais que ingerimos, bem como os frutos, são produtos de adubos sintéticos e de pesticidas entre outros produtos químicos. Para além dos frutos e vegetais a indústria alimentar usa aromatizantes, conservantes e corantes para manter ou mudar o sabor dos alimentos, claro que, neste caso, um uso abusivo deste tipo de produtos químicos não seria uma vantagem mas sim uma desvantagem. A Química também contribui para a conservação dos alimentos através de estratégias externas, pois ajuda o frigorífico a manter o sistema de refrigeração funcional. Até os carros que usamos se devem à investigação científica em volta da química que ajudaram na formação das ligas metálicas e do motor. De um modo geral as fibras de carbono, de novo criadas através da ciência química, permitiram a criação de vários tipos de materiais mais resistentes.

Para além das vantagens mencionadas em cima, a química também apresenta certas desvantagens, desvantagens que não são novidade nenhuma para o público geral pois, de certa forma, o lado menos bom da química é bem identificado na comunicação social. Vemos muitas vezes na televisão produtos químicos que acabam por poluir ou degradar o ambiente, como por exemplo a extração de compostos não renováveis que geram impactos ambientais enormes. Para além de afetarem o ambiente e o mundo natural, certos produtos químicos, podem também causar efeitos negativos no ser humano, especialmente quando temos um contacto direto e em excesso com certos elementos químicos. Um estudo da ONU em 2015 apontou para cerca de um milhão de mortes humanas devido a substâncias químicas, valor que tem vindo a crescer. 

De certa forma é errado olhar para a Química como uma ciência que apenas trás vantagens e desvantagens, pois a Química é muito mais que substâncias e produtos químicos. A Química é também e sobretudo processos químicos, processos químicos que estão por todo o lado e que nos rodeiam. Estão no ar à nossa volta, quando cozinhamos, lá em cima nas nuvens, dentro de nós e em muitos outros sítios. Nós somos química e a química é vida. A Química tem sido fundamental tanto no desenvolvimento tecnológico como no crescimento do nosso entendimento do mundo que nos rodeia, melhorou a nossa vida e o nosso entendimento próprio. Será também fundamental para o nosso futuro, pois é impossível excluir a química quando se fala em sustentabilidade e progresso. 

 

Luís Botelho Dalle, licenciado em Relações Internacionais e mestrando em Filosofia Prática: Política, Cidadania e Ambiente.

A Química vista por Carolina Serna

 


É certo que quando falamos de química não nos costumamos focar nos aspetos positivos. Além disso, nem sempre temos a noção de que os nossos corpos e absolutamente tudo o que nos rodeia são químicos (átomos, elementos, compostos) como a água e o ar, que são essenciais para a existência de vida.

Mesmo quando ouvimos a palavra química, pensamos muitas vezes em profissionais que trabalham nesta área, ou lembramo-nos de eventos catastróficos relacionados com derrames de petróleo, poluição do ar e outros.

No entanto, a conotação da química nem sempre tem de ser negativa. Sendo esta uma ciência transversal (estreitamente relacionada com muitas outras ciências e indústrias, como a farmacêutica), poderia ser considerada como "a ciência que resolve os problemas do nosso tempo". Basta pensar em áreas como a saúde e a segurança alimentar para imaginar o quão vasto e positivo pode ser o impacto da química.

É claro que, historicamente, a química tem desempenhado um papel activo na poluição do ar e nas alterações climáticas através da emissão de vários gases com efeito de estufa, e que este facto já impactou negativamente vários milhões de pessoas. Também, tem sido  fundamental na poluição dos mares e oceanos, e dos solos através da descarga de substâncias derivadas de fertilizantes e pesticidas.

Mas o papel da química vai muito para além deste tipo de consequências. Vista na perspetiva dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), esta ciência é responsável por determinar como os poluentes afetam o ambiente, analisar os impactos nocivos dos produtos químicos na saúde humana, investigar como funciona o efeito de estufa e propor formas de combater a destruição da camada de ozono.

A química é ainda responsável pelo diagnóstico de doenças, pela definição de novos processos produtivos, pela criação de medicamentos e pela melhoria dos já existentes para o tratamento de doenças como a malária, que afeta milhares de pessoas anualmente, principalmente em regiões tropicais e subtropicais. Esta ciência também trabalha ativamente para resolver e prevenir casos de envenenamento por chumbo e mercúrio, não só em humanos, mas também na natureza.

Em benefício da nossa saúde, esta ciência permite a criação de superfícies antimicrobianas que promovem um manuseamento dos alimentos mais higiénico e seguro. Utiliza também a modificação genética para produzir alimentos mais adequados ao consumo humano, como as batatas com baixos níveis de asparagina. Participa ainda na produção de embalagens comestíveis para alimentos, o que reduz a poluição plástica e a necessidade de reciclagem.

Por isso, considero importante destacar o papel que a química (enquanto química verde) desempenha no desenvolvimento de tecnologias e materiais sustentáveis, e no design de processos e produtos amigos do ambiente.

Outras três contribuições da química que considero fundamentais estão relacionadas com a produção e armazenamento de energia, através da utilização de baterias que convertem o hidrogénio e o oxigénio em energia elétrica; obtenção de novos materiais para o fabrico de painéis solares de alto desempenho; e a produção de biocombustíveis. Sobre este último, é de salientar que, para que o seu impacto no ambiente seja positivo, a sua produção deve ser sustentável e beneficiar a comunidade.

Ora, se nos lembrarmos de palavras como água, medicamentos, vitaminas, minerais, hemoglobina, ATP, ferro, todas elas presentes no nosso dia-a-dia, podemos chegar à seguinte conclusão: a vida, sem química, não seria possível.

Por fim, gostaria de referir quatro dos doze princípios da química verde: os materiais renováveis ​​serão sempre uma prioridade; conceber produtos para serem biodegradáveis; preservar a eficácia deve ser compatível com a redução ou eliminação da toxicidade; e evitar o desperdício será sempre melhor do que ter de o tratar ou descartar mais tarde.

Acredito que se estes princípios forem realmente aplicados, seremos capazes de ver como a química pode trabalhar para atingir os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, incluindo, claro, a importância desta ciência em áreas prioritárias como a saúde e a segurança alimentar.

Carolina Serna, Bióloga, aluna da Pós-Graduação em Ambiente, Sustentabilidade e Educação da Universidade de Évora.

A Química vista por Daniela Reis


A Química é uma ciência fundamental para a sociedade moderna, está presente em praticamente todas as ciências e em todos os aspetos da nossa vida, sendo descrita por Mendes (2011) como “omnipresente em tudo o que nos  rodeia” (p.1). Pessoalmente, não tinha noção do quão presente a química é na nossa vida e em como ela é necessária para tudo e mais que desvantajosa é muito benéfica em vários aspetos. Porém, como qualquer recurso poderoso, a química pode ser fatal, especialmente quando é utilizada de forma irresponsável.

A química é frequentemente associada aos impactos negativos por muitos de nós. Está associada à poluição, aos desastres ambientais, à contaminação das águas, etc, ou seja, situações que contribuem para a sua má reputação. No entanto, percebi que esta visão é muito negligenciada, pois como afirma o Prof. João Paulo Leal “a química não está isenta de ter tido algumas páginas negras na sua história, mas (...) é uma fonte de soluções para os problemas” na Palestra “Química e Sociedade: Ligações Perigosas?”. O papel da química é fundamental para a resolução dos desafios globais, desde a saúde à sustentabilidade. Por um lado, os avanços na química permitiram a criação de substâncias prejudiciais, mas por outro, foi graças à química que surgiram as soluções para reduzir os impactos destes. 

As desvantagens da química talvez sejam «a ponta do iceberg», apenas a parte mais visível, deixando as vantagens submersas. Os resíduos de todo o tipo espalhados no ambiente,  utilização de aditivos nos alimentos e  pesticidas, a contaminação ambiental, a libertação de gases poluentes no ar e na água, tudo isto se traduz em graves impactos no aumento do efeito estufa, contaminação dos ecossistemas, a perda de biodiversidade… Consequências da química. Contudo, concordo que esta má imagem da química deve-se ao resultado da sua má utilização ou da  “pouca educação dos cidadãos” (p.2), como afirma Corrêa (2011). A produção e o uso indevido de substâncias químicas podem representar riscos para a saúde humana. Certas substâncias químicas utilizadas na indústria e na agricultura podem ser prejudiciais se forem aplicadas incorretamente. Outro ponto muito negativo é, por exemplo, o uso da química para fins destrutivos, como a produção de armas para alimentar as guerras e esta, infelizmente, tem sido um dos grandes problemas da atualidade da má utilização desta ciência. 

O problema não está propriamente na química, mas sim no seu modo de utilização: “ligação perigosa é não ligar á química e não perceber o papel central da química na vida” - Prof. João Paulo Leal. A química tanto é destrutiva como benéfica, dependendo da sua aplicação. Por isso, a solução não é negligenciá-la e sim promover o seu desenvolvimento responsável e sustentável.

Quanto às vantagens, muitas! No setor da saúde, a química revolucionou a medicina com o desenvolvimento de medicamentos, como na criação de materiais biomédicos mais inovadores. A sua presença também na indústria alimentar que contribui para a conservação dos alimentos por mais tempo. Os fertilizantes e pesticidas para a agricultura para aumentar a produtividade e a segurança alimentar.

O mesmo acontece no setor ambiental: nos processos da reciclagem, no tratamento de águas residuais, na melhoria da qualidade da água que bebemos, etc. Isto contribui para a preservação dos recursos naturais, bem como o desenvolvimento de tecnologias para reduzir o impacto ambiental das ações humanas. No que diz respeito à energia: o avanço de tecnologias mais limpas e eficientes, como desenvolvimento de baterias, luzes LED, etc. Ou seja, a química está na linha da frente de quase tudo aquilo que nos rodeia com inúmeras vantagens. Como sublinha Mendes (2011) “a Química e o mundo que nos rodeia são indissociáveis. A atividade  tecnológica química também envolve riscos como os problemas ambientais que todos  conhecemos. Mas não deixa de ser verdade que também é a Química que os ajudará a  resolver por implementação de processos químicos e utilização de matérias‐primas mais sustentáveis” (p.3). 

Depois de obter esta visão mais alargada, admito que a Química é uma das ciências mais influentes e transformadoras, as suas vantagens são inegáveis. No entanto, os impactos negativos da sua má utilização tem realmente consequências graves. As boas práticas ambientais também são boas práticas na química, cabe à humanidade e à comunidade científica garantir que a química seja usada de forma responsável, aumentando os seus benefícios e diminuindo os seus riscos. 

Daniela Reis, Técnica de Educação Ambiental, aluna da Pós-Graduação em Ambiente, Sustentabilidade e Educação da Universidade de Évora.

A Química vista por Carolina Silva Santos

 

 


Estando a frequentar o mestrado de “Filosofia Prática: Política, Cidadania e Ambiente” e não tendo contacto direto com os ramos ligados ao estudo da química nos últimos anos, fiquei realmente assustada ao ouvir a palavra, só conseguia pensar em elementos, em substâncias, em processos, em reações, em propriedades, em instrumentos, em técnicas, em estados da matéria, em disciplinas relacionadas com química e tudo o que a mesma pode envolver, contudo, o conceito é algo muito mais abrangente do que aquilo que se pode imaginar.

Terminada a palestra “Química e Sociedade: ligações perigosas?”, pensei logo que não há necessidade dessas preocupações, uma vez que, para estar em contacto com a química, não é necessário estar num laboratório, basta apenas existir.

Não podemos negar que todo o progresso da química é bastante impactante e tem vindo a desenvolver-se de forma repentina, o que não significa que a rapidez nestes avanços seja sempre benéfica.

A química é extremamente fundamental e está sempre presente, uma vez que a mesma possibilita avanços tecnológicos, melhorias na qualidade de vida e no desenvolvimento económico. No entanto, também pode apresentar riscos e alguns desafios que devem ser geridos com responsabilidade. É essencial analisar as vantagens e desvantagens da química para compreender melhor os seus impactos.

Uma das principais contribuições da química está na área da saúde e da medicina, com ela, foi possível criar medicamentos, vacinas e tratamentos que combatem diversas doenças, aumentando a expectativa e a qualidade de vida.

Na agricultura, a química também desempenha um papel crucial. Fertilizantes e pesticidas são utilizados para aumentar a produtividade e proteger as plantações contra pragas e doenças.

Na indústria e na tecnologia, podemos pensar na criação de novos materiais, que impulsionam a inovação, assim como no que diz respeito à energia, o desenvolvimento de combustíveis, baterias e fontes alternativas de energia são impactantes.

Apesar dos seus benefícios, a química não é, nem trás apenas perfeição, há desvantagens que precisam ser cuidadosamente pensadas e melhoradas. Um dos principais problemas está relacionado com a poluição ambiental. A produção descontrolada de produtos químicos pode contaminar os solos, os rios e a atmosfera, causando impactos negativos não só nos ecossistemas, como também na saúde humana.

As substâncias químicas perigosas, como metais pesados, podem representar riscos tanto para os trabalhadores das indústrias como para a população num modo geral.

A química também pode ser utilizada de forma indevida, como é no caso da produção de armas e drogas ilícitas. Substâncias químicas tóxicas podem ser utilizadas em conflitos militares, causando danos irreversíveis a populações civis e ao meio ambiente.

Outro ponto negativo é a exploração de recursos naturais, a extração de minerais e petróleo, por exemplo, podem levar à perda de biodiversidade e à emissão de gases, agravando as alterações climáticas.

Sendo assim, a química é uma ciência essencial, e é claro que tudo é química e nós próprios somos química, no entanto, os impactos negativos não podem ser ignorados. Para garantir que os benefícios sejam cada vez maiores e os riscos menores, é fundamental investir no desenvolvimento de tecnologias mais sustentáveis, controlar de forma mais rigorosa o uso de substâncias químicas e promover a consciencialização sobre como se pode descartar de forma adequada os resíduos. Dessa forma, será possível aproveitar os avanços da química sem colocar em causa o meio ambiente e a saúde das gerações futuras.

 

 

Carolina Silva Santos, licenciada em Estudos de Filosofia e de Cultura Contemporânea pela Universidade de Évora e estudante do Mestrado de Filosofia Prática- Política, Cidadania e Ambiente na Universidade de Évora.