Assim, como em relação a outras ciências, nós, humanos, estamos constantemente a tentar colocar a Química sob uma coleira de conhecimento e dominar suas aplicações para os nossos serviços. Isto pode-se evidenciar em vários progressos revolucionários, que atualmente podem ser considerados alicerces mundanos, que tiveram a sua origem ou contaram com a participação da Química.1
Porém, toda a repercussão negativa dessas aplicações, que tem gerado tanto medo, não vem da ciência em si, vem do nosso conhecimento da Química, que já se provou limitado/curto, em múltiplas ocasiões, para um dado problema. A necessidade de aumentar gradualmente a rigorosidade das nossas aplicações da Química, de acordo com o conhecimento obtido, deve ser sempre proporcional à sua necessidade como área de investigação. O resultado de não alongarmos continuamente essa coleira do conhecimento e a rigorosidade com a qual exercemos a Química, é sermos arrastados por ela por quaisquer caminhos que ela sempre trilharia naturalmente, caminhos que talvez não consigamos entender ou ter esperança de controlar, porque a Química não escolhe ser ou fazer tudo o que conhecemos e associamos a ele, de modo que não há um bom comportamento a ser incutido nele, porque como algo natural ao próprio universo, não é nem bom nem mau, apenas ... é, ou melhor, apenas acontece.
A previsibilidade das consequências (positivas/negativas) da implementação de qualquer progresso científico que se consiga, a Química não sendo exceção, não é total, mas “A química continuará a ter um papel importante na resolução de muitos dos problemas que o nosso mundo enfrenta hoje e na criação de novas soluções”2. Separar o que a química é, do que podemos, devemos e faremos com ela é a chave para determinar o ritmo necessário para limitar a ambição humana, mas não inibir o seu potencial.
1 https://theconversation.com/five-chemistry-inventions-that-enabled-the-modern-world-42452
2 Rodrigues, Sérgio. (2016). What Chemistry! Between the Fascination with Pessimism and the Faltering Before Optimism – QUE QUÍMICA! ENTRE O FASCÍNIO PELO PESSIMISMO E A HESITAÇÃO PERANTE O OPTIMISMO. Química (Boletim da SPQ) 140. 27-35.
Igor Almeida
Aluno da Licenciatura em Química da Universidade de Évora
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