A vontade de querer estudar os compostos à nossa volta de modo a perceber as suas interações com o fim de melhorar e criar novas aplicações para esses produtos é notoriamente um interesse para a humanidade. A generalização do uso dessas novas tecnologias leva a uma dependência dos recursos utilizados para as manufaturar, podendo esses recursos ser finitos à pequena escala ou prejudiciais ao ambiente depois de sintetizados em produto final, numa relação onde os benefícios que esses produtos trazem à sociedade supostamente superam os danos causados ao meio ambiente. Em suma, as desvantagens só existem porque tentaram-se criar vantagens.
A imagem pública da química tem mudado para o melhor nas últimas décadas. Enquanto outros cientistas tais como matemáticos e físicos sempre foram vistos como pessoas que simplesmente gostavam de número e contas, os químicos eram maioritariamente associados às poções malvadas e aos fumos das fábricas. Duas razões que dou para a nova reputação mais favorável da química são a preocupação pelas alterações climáticas e propagação da internet e redes sociais.
Mesmo quando não existia esta preocupação com sermos mais “verdes” e o meio ambiente, o fumo das fábricas nunca foi visto com bons olhos. Fumo é feio, tapa o céu e cheira mal; ainda por cima o fumo libertado pelas chaminés das fábricas eram em tais quantidades que podiam ser associados a incêndios. Essas paisagens de chaminés já não são comuns e essa sua falta ajudam a esquecer esses sentimentos negativos.
Com a globalização da internet e consequente divulgação de informação, a química começou a ser reconhecida como algo diferente da alquimia, isto é, os produtos da química começaram a ser identificados como o desenlace da investigação e experimentação, e não como magia e pseudociência. Esse novo fluxo de informação e maior confiança nos cientistas criou o sentimento que a ciência está preocupada em criar produtos bons e que funcionem, ao contrário da busca pela pedra filosofal.
Assim, a Sociedade civil tem uma visão muito mais favorável da química, com a grande maioria tendo a noção que tudo é feito de químicos, tudo pode ser tóxico em certa quantidade e que nem todos os químicos foram criados em laboratório. Mesmo assim, essa visão mais favorável ainda roça a indiferença, ao contrário de outros membros de laboratórios mais associados à criação de vacinas.
Rúben Silva
Aluno da Licenciatura em Química da Universidade de Évora