A Química vista por ... Maria Gabriela Carvalho


 A química é tão antiga quanto a criação do Universo, a produção de energia e dos elementos químicos constituem a génese de toda a vida deste planeta e de outros mundos menos conhecidos pela humanidade.  

 A química permite-nos compreender a matéria, ao interpretar diferentes arranjos de átomos, de moléculas, de células, do ADN entre tantas outras estruturas dinâmicas que se interlaçam e que a própria natureza nos oferece. O homem, por sua vez com engenho e arte, reproduz e utiliza o que a natureza oferece ultrapassando por vezes o que ainda não foi visto ou previsto.

 Sendo a química a ciência dos materiais, ela está presente em nós, em todas as ações que realizamos na nossa vida em sociedade e na natureza em geral.

 Segundo o Professor Catedrático Carlos Corrêa no artigo “A Química nas nossas vidas”(1), gerou-se na sociedade o mito de que a Química é má por estar associada a produtos transformados e produzidos pelas diversas atividades humanas, defendendo-se que o que é bom é o natural. O referido artigo alerta para a falta de conhecimento que existe por parte do cidadão sobre as diferentes substâncias, boas e más para o homem e para o ambiente, presentes nos materiais que consumimos, sejam eles manufaturados ou naturais. Deverá caber à sociedade e a cada cidadão a responsabilidade de efetuarem as melhores escolhas, de acordo com as doses máximas recomendáveis de substâncias presentes nos materiais e produtos disponíveis, para se poder alcançar o correto uso dos conhecimentos químicos.

 Concordo com a ideia de que o mal não está na química, mas na má informação e utilização que temos e fazemos dela.
  
 Vivendo nós numa sociedade de consumo, de produtos naturais, manufaturados e sintéticos, os mesmos irão sempre apresentar vantagens e desvantagens, maiores ou menores e o importante é fazermos escolhas que permitam controlar e minimizar os seus efeitos nos organismos vivos e no meio ambiente.
  
Atualmente, tanto a química como a tecnologia associadas a outras áreas do saber, têm contribuído para encontrar soluções para alguns dos problemas que foram sendo identificados ao longo dos tempos em prol do dito progresso da humanidade. Todos vamos tendo a possibilidade, como cidadãos informados, de fazermos escolhas mais acertadas e contribuirmos para a menor poluição, redução do agravamento do efeito de estufa e consequente aquecimento global. Nomeadamente quando compramos equipamentos com tecnologia LED mais eficientes energeticamente; quando compramos apenas o necessário, evitando desperdícios; quando optamos por uma alimentação mais equilibrada, evitando problemas de saúde; quando andamos a pé ou de transportes públicos mais ecológicos, em vez de optarmos por automóveis a gasolina e a gasóleo; quando contribuímos para a reciclagem, com a separação dos resíduos que produzimos; quando as indústrias reduzem ou eliminam materiais nocivos e tóxicos, sintetizando novas substâncias e aplicando novos processos com menores impactos no ambiente e na saúde; quando se opta por coletores solares térmicos e por painéis fotovoltaicos para o aquecimento da água e a produção de energia elétrica, a partir de fontes de energia renovável … , estes são alguns dos exemplos que evidenciam a capacidade do homem e das sociedades para avançarem em busca de melhores caminhos, capazes de revelarem maior respeito pela vida e pelo nosso ecossistema.

Alguns dos exemplos referidos enquadram-se na Química Verde, ao procurar-se diminuir ou eliminar o uso de substâncias e de equipamentos que contribuem para a poluição do planeta, na tentativa de se recuperar o equilíbrio ambiental.

 Não posso deixar de referir a importância de se conhecer a palavra-chave, redução, os objetivos e os princípios da Química Verde, conforme é referido, por Me. Diogo Lopes Dias através do link https://www.manualdaquimica.com/quimica-ambiental/quimica-verde.htm acedido a 20/4/2020. 
 Após a leitura do mesmo, passo a citar 

“(...) fica claro que a Química Verde é um ramo da ciência química que visa o restabelecimento da qualidade do meio ambiente e o desenvolvimento sustentável da sociedade.
Dessa forma, os impactos negativos que atingem a natureza, em decorrência dos abusos e danos provocados pelas ações do homem, tendem a ser minimizados pela aplicação das ações e princípios da Química Verde.”

 Se pretendemos alcançar de forma mais efetiva uma Química Verde, devemos reforçar o investimento na lecionação e investigação de temáticas relacionadas com esta área da química, incentivando as gerações mais novas a desempenharem melhor o seu papel na sociedade futura, com a criação de novos materiais, novos processos e equipamentos mais ajustados ao nosso planeta Terra.

 
Maria Gabriela V. R. L. Carvalho
Professora do quadro do Agrupamento de Escolas de Vendas Novas | Grupo 510 de Físico-Química.
AF@QV

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