A química é
tão antiga quanto a criação do Universo, a produção de energia e dos elementos
químicos constituem a génese de toda a vida deste planeta e de outros mundos
menos conhecidos pela humanidade.
A química
permite-nos compreender a matéria, ao interpretar diferentes arranjos de átomos,
de moléculas, de células, do ADN entre tantas outras estruturas dinâmicas que
se interlaçam e que a própria natureza nos oferece. O homem, por sua vez com
engenho e arte, reproduz e utiliza o que a natureza oferece ultrapassando por
vezes o que ainda não foi visto ou previsto.
Sendo a
química a ciência dos materiais, ela está presente em nós, em todas as ações
que realizamos na nossa vida em sociedade e na natureza em geral.
Segundo o Professor
Catedrático Carlos Corrêa no artigo “A Química nas nossas vidas”(1),
gerou-se na sociedade o mito de que a Química é má por estar associada a
produtos transformados e produzidos pelas diversas atividades humanas,
defendendo-se que o que é bom é o natural. O referido artigo alerta para a
falta de conhecimento que existe por parte do cidadão sobre as diferentes
substâncias, boas e más para o homem e para o ambiente, presentes nos materiais
que consumimos, sejam eles manufaturados ou naturais. Deverá caber à sociedade
e a cada cidadão a responsabilidade de efetuarem as melhores escolhas, de
acordo com as doses máximas recomendáveis de substâncias presentes nos materiais
e produtos disponíveis, para se poder alcançar o correto uso dos conhecimentos
químicos.
Concordo com a
ideia de que o mal não está na química, mas na má informação e utilização que
temos e fazemos dela.
Vivendo nós numa sociedade de consumo, de
produtos naturais, manufaturados e sintéticos, os mesmos irão sempre apresentar
vantagens e desvantagens, maiores ou menores e o importante é fazermos escolhas
que permitam controlar e minimizar os seus efeitos nos organismos vivos e no meio
ambiente.
Atualmente, tanto
a química como a tecnologia associadas a outras áreas do saber, têm contribuído
para encontrar soluções para alguns dos problemas que foram sendo identificados
ao longo dos tempos em prol do dito progresso da humanidade. Todos vamos tendo
a possibilidade, como cidadãos informados, de fazermos escolhas mais acertadas
e contribuirmos para a menor poluição, redução do agravamento do efeito de
estufa e consequente aquecimento global. Nomeadamente quando compramos
equipamentos com tecnologia LED mais eficientes energeticamente; quando
compramos apenas o necessário, evitando desperdícios; quando optamos por uma
alimentação mais equilibrada, evitando problemas de saúde; quando andamos a pé
ou de transportes públicos mais ecológicos, em vez de optarmos por automóveis a
gasolina e a gasóleo; quando contribuímos para a reciclagem, com a separação
dos resíduos que produzimos; quando as indústrias reduzem ou eliminam materiais
nocivos e tóxicos, sintetizando novas substâncias e aplicando novos processos
com menores impactos no ambiente e na saúde; quando se opta por coletores
solares térmicos e por painéis fotovoltaicos para o aquecimento da água e a
produção de energia elétrica, a partir de fontes de energia renovável … , estes
são alguns dos exemplos que evidenciam a capacidade do homem e das sociedades
para avançarem em busca de melhores caminhos, capazes de revelarem maior
respeito pela vida e pelo nosso ecossistema.
Alguns dos exemplos referidos enquadram-se na Química
Verde, ao procurar-se diminuir ou eliminar o uso de substâncias e de
equipamentos que contribuem para a poluição do planeta, na tentativa de se
recuperar o equilíbrio ambiental.
Não posso
deixar de referir a importância de se conhecer a palavra-chave, redução, os
objetivos e os princípios da Química Verde, conforme é referido, por Me. Diogo
Lopes Dias através do link https://www.manualdaquimica.com/quimica-ambiental/quimica-verde.htm
acedido a 20/4/2020.
Após a leitura do mesmo, passo a citar
“(...) fica claro que a Química Verde é um ramo da ciência química que visa o
restabelecimento da qualidade do meio ambiente e o desenvolvimento sustentável
da sociedade.
Dessa forma, os impactos negativos
que atingem a natureza, em decorrência dos abusos e danos provocados pelas
ações do homem, tendem a ser minimizados pela aplicação das ações e
princípios da Química Verde.”
Se pretendemos alcançar de forma mais
efetiva uma Química Verde, devemos reforçar o investimento na lecionação e investigação
de temáticas relacionadas com esta área da química, incentivando as gerações
mais novas a desempenharem melhor o seu papel na sociedade futura, com a
criação de novos materiais, novos processos e equipamentos mais ajustados ao
nosso planeta Terra.
Maria Gabriela V. R. L. Carvalho
Professora do quadro do Agrupamento de Escolas de
Vendas Novas | Grupo 510 de Físico-Química.
AF@QV
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